Os preços das casas cresceram muito mais do que os salários médios nos últimos anos, enquanto a oferta de habitação tarda em aumentar na dimensão necessária para responder ao perfil da procura. Entre 2015 e 2023 os preços das casas mais do que duplicaram, enquanto os salários registaram um aumento de 39%.
As medidas do governo orientadas para incentivar a procura de casas para comprar, sobretudo pelos jovens com a isenção de IMT e que em breve poderão também recorrer à garantia pública no crédito habitação, podem aumentar o fosso entre o custo da habitação e os salários das famílias aumente ainda mais no próximo ano, sobretudo se a construção e reabilitação de casas não agilizar.
O custo da habitação em Portugal mais do que duplicou entre 2015 e 2023 (+105,8%), segundo os dados do Eurostat. Isto quer dizer que uma casa à venda por 100 mil euros em 2015, passou a ter o custo de 206 mil euros no em 2023.
Estima-se que os rendimentos disponíveis das famílias em Portugal irão subir no próximo ano, resultado de um aumento dos salários, descida de impostos, redução das taxas de juro e desaceleração da inflação.
Mas também é esperado que os preços das casas em Portugal continuem a aumentar. Aliás, o custo da habitação no país já aumentou 7,8% no segundo trimestre de 2024 face ao mesmo período do ano anterior, de acordo com o Eurostat. Este crescimento do preço dos imóveis deverá continuar a ser impulsionado por um conjunto de fatores, que estão a estimular ainda mais a procura como:
A procura internacional deverá continuar a desempenhar um papel relevante, sobretudo em regiões turísticas, enquanto a preferência dos compradores nacionais está cada vez mais orientada para soluções economicamente acessíveis. Este fenómeno poderá favorecer o mercado de segunda mão e incentivar a rotação de imóveis.
Soluções como a industrialização do setor da construção e investimentos em transporte urbano integrado serão fundamentais para ampliar a oferta de habitação acessível e promover o equilíbrio entre as oportunidades e os desafios do setor. É provável que haja uma estabilização dos preços em certas áreas, mas o ritmo dependerá da capacidade de aumentar a oferta, quer em quantidade, quer em diversidade, de forma sustentável e equilibrada. A colaboração entre municípios, promotores imobiliários e entidades privadas será essencial para desenvolver projetos que respondam às necessidades reais da população. Entre as medidas mais promissoras estão a revisão da fiscalidade aplicada ao setor, a agilização do licenciamento e a cedência regulada de terrenos municipais para construção de habitações com preços controlados.
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